Paul Meunier e Marcel Réja em Falei com Da Vinci


- Melhor naín nos aprofundar, ‘ser-aqui’ é uma questão que demanda 'tempo'. Proponho
que lembre-se do garoto e as pedras no lago...
- Escolhas… Quais são minhas opções?
- Paul Meunier e Marcel Réja, diriam que você pode fechar os olhos e acordar. Ou,
continuar sonhando com os olhos bem abertos!
- Está bem! Que o jogo continue! Afinal: Sonho, logo existo!
(Falei com Da Vinci – pág.184)

Marcel Réja é o pseudônimo do mé­dico psiquiatra francês, Paul Gaston Meunier (1873-1957). Essa personalidade instigante, que trafegava numa via de mão dupla, consegue unir suas duas facetas com a revisão de um artigo intitulado “A Arte doente: desenhos de loucos”, publicado 1901. Incentivado por colegas, realizou a ampliação desse artigo na publicação do livro, L’art chez les fous (Arte entre Loucos), em 1907. Essa publicação é um marco na mudança dos paradigmas relativos aos trabalhos expressivos produzidos por pacientes psiquiátricos, um encontro resultante de processos nos dois campos – arte e ciência.

No trecho em que cita o nome e pseudônimo do autor de Arte entre Loucos, como se fossem identidades independentes, além de insinuar o ‘duplo’, Eucajus tem como objetivo, relacionar a construção da sua Imaginação Ativa, com duas ideias apresentadas pelo autor francês. Primeira: o louco se distingue do não louco pelo fato de sofrer o movimento de suas ideias ao invés de dirigi-las. […] Pode-se dizer que é uma espécie de desdobra­mento mental, vagamente comparado àquele do sonhar acordado [...].” (Réja, 1907/2000: 14). Segunda: Ao lado da obra-prima, que represen­ta, por definição, uma fórmula perfeita, existem numerosas produ­ções mais ou menos elementares; elas vêm das crianças, dos selva­gens, dos prisioneiros, dos loucos. Cada uma delas representa um interesse especial [...] . Os homens geniais [...] realçam com beleza as tendências e maneiras de ser do espírito humano; os loucos nos desvelam a nudez de seu mecanismo com a sua ingênua inabilidade. Não procuramos saber até que ponto um artista é suscetível de enlouquecer mas em qual medida a loucura provou estar acompanhada de manifestações ar­tísticas. (Réja, 1907/2000: 13).

Só para constar, Marcel Réja era poeta e um defensor apaixonado dos polêmicos, Edvard Munch, August Strindberg e Henri Héran.

Mais sobre esse psiquiatra genial, AQUI

+ SUPLEMENTO