“Qual é a
cor do cavalo branco de Napoleão?”
A pergunta ecoou na sala da 6.ª série, lançada pela professora Miriam Vanin. Em
coro, a turma respondeu sem hesitar: branco!
Mas o
pequeno Eucajus, então com 11 anos, levantou a mão e disse, convicto:
— É branca, profê.
Foi ali
que ele sentiu, pela primeira vez, o desconforto de pensar diferente. Vieram as
gargalhadas, o riso coletivo e até o clássico bordão do Chaves, sussurrado
covardemente por alguém no fundo da sala. Ainda assim, Eucajus fincou o pé. Não
voltou atrás.
Para
surpresa geral, a professora confirmou: ele estava certo.
E aquela resposta simples revelou algo maior: os desafios da vida não nos
transformam — apenas trazem à superfície aquilo que já carregamos por dentro. O
modo como interpretamos o mundo diz muito mais sobre nós do que sobre os factos
em si.
O
espírito questionador de Eucajus, a paixão pela leitura e a facilidade em
comunicar não poderiam ter outro destino: tornaram-se livros, poesia, revistas,
jornais, eventos culturais e mais de 5000 palestras sobre incentivo à
leitura e valores morais.
Para este
autor, falar de leitura é paixão. Portanto, Falei com Da Vinci... para esse “neguinho abusado”, é só
mais uma realização — daquelas que já estavam pré-processadas desde a infância.

