Intuição como Teoria


...
- Lembrou... Fiquei surpreso ao ver que o talismã possuía o mesmo de
Pentáculo de Phull... Aliás, ela me mostrou outros sete com o mesmo
símbolo... A diferença estava nas frases...
- Que frase havia nele?
- “A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla.”
- Talismã que pertencia a David Hume...
- Creio que se tratava de um teste de confiança. Sinto decepcioná-lo.
- Decepcionar?! Foi fiel a sua intuição e mostrou entendimento. Estou
‘schopenhausamente’ orgulhoso!
- Mestre... às vezes o senhor me assusta...
(Falei com Da Vinci – pág. 86)

Ao contrário da filosofia tradicional, Schopenhauer não mais identifica o homem como ser unicamente racional, movido pela razão. Mas sim, um ser movido pela vontade [1]. Por isso, ele questiona o valor do conhecimento abstrato. A razão não é mais confiável, ela necessita dos conceitos para construir o conhecimento e o conceito não consegue apreender a realidade de cada coisa em sua particularidade. Desta forma ele aponta a intuição como forma mais pura de conhecer a realidade objetiva. Ela é um conhecimento instantâneo e imediato desprovido de conceitos e de qualquer forma de julgamento.

Diferente de Schopenhauer que acredita que o conhecimento verdadeiro e puro das coisas se dá por meio da capacidade intuitiva. Para Nietzsche não há conhecimento verdadeiro, o homem não consegue conhecer a verdade das coisas. Mas assim como Schopenhauer, Nietzsche vê a intuição como condição necessária para o conhecimento abstrato, sendo ela o primeiro contanto da mente com a coisa, e através dela a razão tem contato com o mundo objetivo.

Deste modo, para Schopenhauer a intuição é a forma mais pura de conhecimento da realidade. Ela produz um conhecimento real da coisa. Através dos órgãos sensoriais a intuição representa o objeto na mente que é apreendido pelo entendimento. Em seguida a razão conceitua o objeto, formando o conhecimento abstrato. Tendo como escopo a comunicação e o auxílio na vida prática.

[1] Pode considerar-se a realidade sob duas diferentes perspectivas: como representação e como vontade. Como representação o mundo é cognoscível racional, mas o mundo como vontade permanece obscuro. O mundo como vontade e representação é um princípio universal que também vale no reino anorgânico. A vontade é a força que leva a planta a florir. A vontade está no peixe que quer viver na água. Vontade é a garra da ave de rapina que quer comer sua presa. (ZILLES, 2008)

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